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Relato de uma professora


Abro meu email e leio boquiaberta o relato de uma professora do Ensino Fundamental (séries iniciais). Gostaria de compartilhar com vocês.
Em seu primeiro dia de aula, em meio à empolgação, risadas, material escolar novinho, cadernos branquinhos e sem nenhuma “orelha de burro”, os alunos entram na sala de aula em fila (sim, nesta escola, segundo a professora, ainda é assim), mas um deles insiste em empurrar os colegas, levando tudo o que encontra pela frente. A professora observa atentamente e pensa: “É apenas um aluno mais afoito querendo chamar a atenção.
Segundo dia de aula. Bate o sinal, e os alunos seguem em fila. Novamente o mesmo aluno empurra a todos. A professora escuta os colegas reclamando e citando seu nome até a sala: “Professora, olha o João* empurrando...”
A professora faz de conta que não ouviu, afinal, segundo dia de aula ninguém merece já dar bronca nas crianças. Solicita que todos tirem seu material para copiar uma pequena história do quadro. Todos atendem à solicitação, menos João, que diz não estar com vontade de fazer nada.
Mais uma vez a professora finge não ouvir e dá continuidade à aula. A todo instante é interrompida por João: “Professora, posso ir ao banheiro?”. A professora respira fundo e continua a conversa com as outras crianças.
Vira para o quadro e um aluno grita: “Professora, o João veio na minha carteira e derrubou meu material no chão”. É pedido ao aluno em questão para juntar seu material e fazer de conta que nada aconteceu. Novamente a professora vira para o quadro e uma voz ecoa na sala. João resolveu cantar bem alto uma música. A professora conta até dez e mais uma vez pede que o aluno tire o caderno e faça um bonito desenho. Volta para aula, quando João resolve jogar sua carteira no chão, fazendo um enorme barulho.
Conta até vinte, vai até João e pergunta o porquê deste comportamento. Os colegas dizem que no ano anterior já era assim. Ele não fazia nada e passou de ano. Só incomodava, batia nos colegas, gritava e até foi pego em pequenos furtos. Ele se vira para professora e diz: “Você não manda em mim, ninguém manda em mim e eu faço o que eu quero”.
Este relato me deixou bastante indignada e para relaxar leio a Revista Veja (23 de fevereiro 2011) que o MEC (Ministério da Educação) quer abolir a repetência até o 3º ano do ensino fundamental, reduzindo a evasão escolar e o desinteresse pela escola. Não estou fazendo aqui apologia à repetência, mas será que não existem casos e casos? Será que aprovar alunos sem a mínima qualificação vai fazer com que a educação caminhe melhor? Será que este aluno relatado acima vai melhorar passando de ano sem nenhuma penalização?
Na matéria em questão citam países como Japão e França, que estão aplicando este modelo com resultados satisfatórios. Mas, será que dá para comparar o Brasil com estes países?
Quantas crianças existem nas nossas escolas sendo rotuladas de vários nomes, onde os pais ausentes insistem em deixar tudo como está?
Depois deste relato penso: O João tem culpa? Não, é apenas uma criança. Os colegas de sala têm culpa? Não, pois estão ali na escola para aprender e serem respeitados. A professora tem culpa? Não, está ali na melhor das intenções. A mãe é negligente? Sim, pois sabe que o filho tem um problema e não vai à busca de ajuda.
E no final do ano o que acontece? Depois de mais um ano infernal, como prêmio pelo seu comportamento “exemplar”, João passa de ano, sem saber ler e escrever. E os colegas ficam pensando: “Mas como ele passou de ano se não faz nada na sala de aula e só incomoda?”
Para terminar, a última do João durante o lanche no refeitório. Soube que ele pegou o joelho e prensou o dedo de um coleguinha na mesa. A professora teve que deixar alguém cuidando da turma para socorrer o dedo do aluno, que sangrava muito. Não perguntem o que aconteceu com o João, pois vocês já devem saber a resposta.
E salve a não repetência!


*João é nome fictício.

Leila Bambino
(Educadora/Psicopedagoga Clínica)
ABBp – SC 380/2010
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Brincar pra quê?


“A criança joga (brinca), para expressar agressão, adquirir experiência, controlar ansiedades, estabelecer contatos sociais como integração da personalidade e por prazer."(Winnicott)

Brincar é algo inerente à natureza dos indivíduos. Todas as crianças se divertem das mais variadas formas. Além de auxiliar na construção da nossa personalidade, nos faz conviver em grupos e aceitar regras pré-estabelecidas.
Para as crianças brincar é uma coisa muito séria. Elas de fato mergulham nas brincadeiras, esquecendo de tudo à sua volta. Criam fantasias que, de alguma maneira, antecipam situações que vivenciarão na fase adulta.
Muitos psicólogos utilizam o ato de brincar como forma de intervenção, onde a criança fica mais envolvida com o lúdico, deixando transparecer questões que possam estar influenciando determinados comportamentos patológicos.
Vygotsky e Piaget, dois teóricos bastante conhecidos na área da Educação, apresentaram propostas cientificas que conferiam funções pedagógicas às atividades que envolviam o lúdico. Piaget acredita que os jogos têm um caráter bem amplo auxiliando no desenvolvimento infantil, pois quando as crianças jogam, assimilam e conseguem transformar sua realidade.
Muitos pais julgam que as brincadeiras realizadas em sala são pura perda de tempo. As crianças devem encher folhas e mais folhas de atividades escritas, pois desta forma se tornarão “alguém” na vida. Acabam se tornando mini adultos, cheios de obrigações, agendas repletas de atividades extraclasses, sem tempo para relaxar e fazer aquilo que para elas é o mais importante: brincar
Devemos considerar que brincar é o trabalho da criança. Quando esta não brinca, algo está errado. Dentro da instituição escolar é fundamental que o professor ofereça à criança tempo para brincar.
Alguns profissionais também não acreditam no lúdico em sala de aula , mas estudos apontam para um maior rendimento no que se refere ao ensino e aprendizagem, quando este é oferecido de maneira lúdica e com objetivos definidos.
Esta visão equivocada de que escola não é lugar de brincar nos remete à Idade Média, onde a revolução cultural culminou com a ascensão do cristianismo. Com isto, o jogo foi considerado imoral, forçando as crianças a fugirem das brincadeiras dentro das escolas, devendo ser a escola um espaço apenas de estudos. Felizmente estamos vivendo no século XXI, e este tipo de pensamento deve ser abolido de nosso meio.

Vamos fazer do dia-a-dia de nossas crianças algo agradável e rico de significados. Será que respondi a pergunta feita no título deste artigo? Espero que sim...

Leila Bambino
leilabam@terra.com.br
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