Em palestras, cursos
e reunião de pais sempre se ouve a mesma coisa: Filhos deveriam vir com manual
de instrução...
Acho engraçado que as
pessoas estejam sempre buscando algo já pronto e que funcione igualmente para
todos. Como se num passe de mágica tudo
ao redor se acomodasse de maneira serena e funcional.
Quem lida com os processos
educativos sabe que essas soluções não são tão simples. Exigem muita
experiência, paciência, estudo e acima de tudo, parceria.
Para qualquer
intervenção que se faça com qualquer indivíduo, este precisa estar receptivo e
aceitar que as coisas aconteçam. A mudança de conduta parte do pressuposto que
exista um objetivo comum a ser atingido e que as pessoas que fazem parte de
processo estejam prontas para as mudanças.
Quando se resolve ter
filhos, muitas coisas ao redor mudam. É uma decisão que exige responsabilidades
que, na maioria das vezes, os envolvidos não têm.
Vemos muitas jovens sendo mães na
adolescência. Algumas conseguem se sair bem, mas a grande maioria se vê
amarrada a uma situação que não tem mais volta. Muitas delas acham que uma
criança vai “segurar” uma relação, e isso é uma inverdade. Filhos não são
“cola” que remendam algo que está quebrado e as crianças normalmente são as
maiores vítimas de uma relação que não dá certo.
Pais brigam pelo
direito à visita. Quando conhecem outra pessoa, ficam divididos, cada um
querendo educar o filho do seu jeito, não havendo diálogo nem uma linha comum
de ação. A mãe diz não, o pai diz sim e a criança vai escolher o que melhor lhe
convier.
Crianças são seres
altamente manipuladores e conseguem enganar facilmente pais desavisados, que se
sentindo culpados pela situação, fragilizam-se por qualquer pedido ou manha.
O grande X da questão
é: Como dar limites desde cedo, evitando futuros problemas? É sobre esse assunto que vamos conversar.
Estão prontos?
Quando uma mulher
sabe que vai ser mãe, uma mistura de sentimentos surge em sua mente. Começam os
preparativos para receber aquele bebê. Roupas, fraldas, mamadeiras, sapatinhos
e por aí vai. Logo a criança começa a crescer, engatinhar, dar seus primeiros
passos e fazer suas primeiras “artes”. Devo chamar a atenção? Dizer não? Será
que não vou traumatizar? Já fico tão pouco tempo com meu filho, ainda vou
brigar por qualquer coisa?
Obviamente que não se
briga por pouca coisa, mas é inaceitável, por exemplo, que um bebê bata no
rosto de quem quer que seja e que o responsável ache normal. Isso acontece com
muita frequência e a criança cresce achando isso um comportamento adequado, uma
vez que ninguém nunca o censurou.
Como pais permitem
que seus filhos xinguem, batam e gritem? Não compreendo como crianças tão
pequenas conseguem dominar um ambiente, mordendo e sendo donas da situação.
Os filhos serão
sempre um reflexo da criação dos pais. Não se pode achar que nossos filhos são
o centro do universo e fazê-los acreditar nisso. Disciplina é a palavra de
ordem.
Mas afinal, o que é
educar um filho nesses dias tão corridos e com o tempo se esvaindo como água?
Educar é estabelecer
limites. É dar aquele ser em desenvolvimento condições de viver em sociedade. Não
conheço ninguém que goste de crianças mal educadas, mimadas e que querem ser o
centro das atenções. Essas crianças criam uma desarmonia familiar e por vezes
os pais nunca são chamados a reuniões de família ou de amigos.
Criança em
restaurante, que fica gritando e falando alto, é algo constrangedor e
embaraçoso para os pais e para os demais frequentadores da casa. Aquela
história de “o que você quer comer filhinho”? “O que você acha disso ou
daquilo” é algo profundamente sem sentido. Uma criança deve seguir as regras
dos pais e não as suas próprias regras. Por isso nos deparamos com crianças que,
ao primeiro sinal de desacordo, gritam, chutam e sapateiam.
Os pais devem controlar
seus filhos apenas no olhar. Não existe necessidade de bater e muito menos
constranger a criança em publico. Essas regras devem ser colocadas em casa, com
muita tranquilidade e amor. Sim, amor. Ou alguém acha que ensinar seu filho a
se comportar em locais públicos seja algo absurdo de ser feito?
Quanto mais os pais
tratarem seus filhos com carinho, ensinando o que é certo ou errado, demonstrando
através de seu próprio modelo como agir, mais fácil e automático isto será
repetido pelo filho.
Não existe, portanto,
um manual de instruções. O que existe é o bom senso de procurar ensinar seu
filho a não prejudicar os outros, ter paciência, ser educado para com todos,
respeitar sempre seu próximo. Tudo isso faz parte da educação que os pais devem
dar ao seu filho através do exemplo. Não se pode delegar essa função a outras
pessoas, pois é na família que tudo começa.
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