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O ano está (de fato) perdido?


 




    O maior desafio é ensinar para quem não quer aprender. Inúmeros artigos tratam desse tema, quase todos falando as mesmas coisas.

Estamos vivendo um momento bastante diferenciado em todos os aspectos da nossa vida. Um vírus minúsculo e praticamente invisível conseguiu colocar o mundo em quarentena. Na verdade, esse termo ‘quarentena’ nem caberia mais, pois, segundo o dicionário, ele equivale a um período de 40 dias, o que muito já se excedeu.

As escolas foram fechadas por conta do momento, uma vez que, para conter o avanço do vírus, algumas recomendações precisam ser seguidas. Uma delas é o distanciamento social.

Como seguir essa recomendação dentro de uma sala de aula repleta de crianças e jovens que mal podem esticar as pernas? Obviamente, muitos desconhecem essa realidade, movidos pelas propagandas vinculadas nos canais de comunicação, mostrando salas de aula que não existem na vida real. Mas, isso é tema para outra reflexão.

Enfim, vou retomar a minha linha de raciocínio. Distanciamento social é uma realidade hoje e, para “driblar” a falta da escola, foi oferecida outra forma de levar o conhecimento aos alunos, por meio de aulas não presenciais.

Eis que caímos na armadilha imposta pela falta de recursos destinados à educação no Brasil, pois nem todos os alunos têm acesso à internet. Nem sequer possuem um computador para realizarem suas atividades. Tudo muito difícil, afinal estamos no Brasil, um país que ocupa a 63° posição no Anuário de Competitividade Mundial 2020 (World Competitiveness Yearbook – WCY).

Muito se fala na falta de recursos dos alunos. Mas, e os professores? Muitos não têm acesso a uma internet rápida e eficiente para realizar com tranquilidade o planejamento de suas aulas. Obstáculos não faltam para deixar todos de cabelos em pé diante dos desafios.

Depois do choque inicial, da parada obrigatória e da poeira se assentar, é hora de arregaçar as mangas e fazer acontecer. E foi o que alguns professores fizeram.


            Muitos profissionais envolvidos em cursos oferecidos pelo governo, ensinando como tirar proveito de sites, programas, gravações de aulas, edição de textos e por aí vai. Tudo deveria ser aprendido num tempo recorde, pois a educação não pode parar.

E assim foi. Professores estão acostumados com desafios e os obstáculos foram sendo transpostos, um a um.  Aprenderam e se reinventaram. Materiais foram sendo elaborados, vídeos explicativos e um espaço da casa usado com estúdio para as gravações das aulas.

Os dias foram se tornando meses e cá estamos seguindo em frente, tentando levar para nossos alunos um pouco de esperança e conhecimento. O esforço está sendo dobrado para alguns colegas, que, sentindo a responsabilidade do momento, se desdobram para atingir seus objetivos colocados no planejamento anual.

Como se isso tudo não bastasse, ainda ouvimos muitas inverdades. Uma delas é a de que o professor não está trabalhando. Isso dói, principalmente para aqueles profissionais comprometidos com sua profissão.

Agora vou chegar aonde eu queria desde o início deste artigo. Uma frase que não me sai da cabeça e que tenho ouvido demais é a seguinte: “O ano está perdido para os alunos”. Fico extremamente incomodada com essa afirmação. Como assim?

O ano está perdido para aqueles alunos que na sala de aula presencial não se dedicam. Está perdido para aquelas famílias que atribuem unicamente para escola a educação de seus filhos. Está perdido para as famílias que buscam todas as desculpas possíveis para não acompanharem os seus filhos.

Tenho total clareza de que as famílias têm suas dificuldades, mas não posso me furtar a dizer que existem famílias que estão fazendo o impossível pelos seus filhos. Alguns sem acesso à internet, mas buscando semanalmente as atividades impressas na escola. Crianças com acesso à internet, mas que não estão realizando as atividades por pura negligência dos responsáveis.

Alunos aprendendo a usar o computador de outra forma, que não seja apenas para jogar ou assistir a programas, na maioria das vezes, nada indicados. Estão aprendendo a gravar vídeos, a pesquisar, a compartilhar notícias e a desenvolver o senso crítico, percebendo que muitas das coisas postadas nas redes sociais não passam de mentiras.

Portanto, a escola é apenas um lugar onde pessoas se reúnem, debatem ideias, encontram soluções e onde professores atuam mediando as dúvidas e impulsionando para novas descobertas.  Mas, tudo isso pode acontecer também fora da escola. Estamos vivendo nesse momento, onde estamos todos buscando novas formas de nos fazermos presentes, auxiliando nas dúvidas e aprendendo juntos.

Se você acha que o ano está perdido, reflita sobre todas as possibilidades que estão sendo oferecidas. Será que temos feito a nossa parte? Sem dúvida nenhuma é mais fácil culpar o outro pela nossa falta de vontade.

Essa reflexão é válida para professores, famílias e alunos. Todos juntos pela educação!

 

                                                              Leila Bambino

                                                         leilabam@terra.com.br

 

1 comentários:

Unknown disse...

Excelente,minha querida amiga! Um beijo!

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