Psicopedagogia: Estímulo e qualidade de vida na terceira idade
Lully Nascimento
Pedagoga com Especialização em Psicopedagogia
Membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia Seção São Paulo – Registro nº 128
O trecho do livro “Em busca de sentido” de Frankl, citado por João Cândido de Oliveira em “Empreendedorismo, Trabalho e Qualidade de Vida na Terceira Idade”, justifica a frase final do meu artigo “A Intervenção Psicopedagógica com Idosos”. Finalizo afirmando que sem desejo não se vive. Para Frankl, a vida torna-se severamente comprometida na ausência de sentido que justifique o esforço e o ímpeto de viver. Ele é enfático sobre o papel do trabalho nessa construção, segundo ele, o alicerce da vida adulta assenta-se em variáveis múltiplas, que podem ser resumidas em duas premissas básicas: amor e trabalho.
Um ser humano desprovido de deveres e responsabilidades, desvestido do significado do que se entende por cidadania, é um ser desnudo de símbolos e do verdadeiro significado da existência como ser que pensa e que tem sentimentos.
Acontece que nem todos os idosos estão em uma condição em que impera o amor, o trabalho, o respeito e o pensamento. Para muitos, o que restou, foram lembranças, saudades e o sentimento de abandono.
Para esses que moram em casas de repouso, asilos ou são esquecidos em hospitais e clínicas psiquiátricas, o trabalho há muito deixou de existir e o sentido pela vida, morre a cada dia.
Segundo as estudantes de jornalismo que entrevistaram vários idosos em instituições privadas e escreveram o livro: “Me conte a sua História” - são dois os sentimentos que mais os preocupam: o abandono e o esquecimento.
Para essa grande parcela de população de idosos, em nada há de real a denominação de “melhor idade”.
Idoso, melhor idade, terceira idade, enfim, em nossa sociedade, só é considerado um ser humano por inteiro, aquele que produz, que pensa e que trabalha. Aquele que dá um sentido a sua vida, não apenas em detrimento de causas próprias, mas um sentido amplo de realização, expandindo aos demais.
O trabalho psicopedagógico com o idoso visa, basicamente, reintegrá-lo à sociedade, retomando a autoria de sua própria história, com o orgulho e com a sabedoria, que apenas os mais velhos têm. Nesse caso, não seria a produção, mas a reprodução de um conhecimento, de uma vivência, que nenhum livro ou manual consegue captar. Estimular o cérebro da pessoa idosa, proporcionar novas sinapses, incitar a produção de neurônios, reativar a memória com exercícios, seja a leitura, a dança, os jogos, o canto, o tocar um instrumento, atividades manuais, tarefas que proporcionem prazer, uma espécie de ócio produtivo.
Isso tudo é possível com o trabalho de Intervenção Psicopedagógica. Como escreveu Célia Pereira Caldas, a inteligência, o idoso não perde. O que ocorre é uma lentidão da atividade mental, daí a necessidade de uma quantidade maior de explicações e repetições para que ele entenda o que estamos dizendo. No entanto é preciso destacar que aqueles que mantêm sua mente em atividade minimizam suas perdas cognitivas.
Caso contrário, o idoso, aos poucos, perde sua identidade, sua meta de vida, seu foco e passa a fazer parte, simplesmente de um retrato. Um Retrato como o poema de Cecília Meirelles, em que a face se esvai e nem se sabe, se de fato, valeu a pena tantas perdas e mudanças.
Assim como o empreendedorismo tem como objetivo melhorar a qualidade de vida na terceira idade, o trabalho psicopedagógico, de uma maneira ainda muito tímida, nova e com atuação individualizada, tem como pretensão, também, melhorar a qualidade de vida e proporcionar a elevação da auto-estima, otimizando o tempo e a vida da pessoa idosa.
Afinal de contas, como disse Cora Coralina “Estamos todos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo."
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1 comentários:
Oiiii Leila!! Adoro quando me visita. Vim aqui para te convidar a participar do grupo "Professores Virtuais." O lInk é: http://blogjonathancruz.blogspot.com/p/mural.html. Bjão e um excelente domingo.
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