A dislexia não é uma doença. Trata-se de uma disfunção neurológica – ou transtorno, de origem genética e hereditária, que leva à dificuldade na decodificação da leitura e, consequentemente, dificuldades para a escrita e compreensão de textos:“A condição se instala durante o desenvolvimento fetal. Durante a gestação, as células que formarão o cérebro ‘viajam’ do centro para fora, de baixo para cima, até chegarem aos locais pré-programados geneticamente. Na dislexia, algumas células não chegam onde deveriam, o que gera estas dificuldades ou alterações de processamento”, diz Maria Inez Ocanã De Luca, psicóloga, membro da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
Condição afeta área do cérebro responsável pela leitura, mas não impacta a inteligência
O primeiro diagnóstico de dislexia foi feito há mais de cem anos. Um grupo de cientistas tentava descobrir por que tantas crianças estavam sendo encaminhadas para o atendimento médico por conta de dificuldades na escolarização. Entre os casos, um adolescente de 14 anos possuía boas habilidades em matemática, mas dificuldade para ler e escrever (é comum as pessoas acharem que os disléxicos têm capacidades intelectuais alteradas, o que não é verdade).
Após diversos estudos, foram identificadas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento da leitura. Mas é importante lembrar: pessoas com dislexia possuem dificuldades com a leitura, porém, não apresentam nenhuma lesão no cérebro.
Diagnóstico normalmente é feito após o início da vida escolar.
Apesar de a criança nascer disléxica, para se realizar o diagnóstico é necessário que ela tenha passado por, pelo menos, dois anos de escolarização. Só desta forma é possível identificar a principal característica da dislexia, que é o desenvolvimento, em geral, mais lento do que o das outras crianças, apresentando dificuldades para a escrita e a leitura.
“É observado um pequeno atraso no desenvolvimento da fala e da coordenação motora da criança ainda pequena, porém, isto não é considerado significativo pelos pediatras e acaba se tornando mais latente no período da alfabetização”. Outras características seriam a dificuldade no processamento de informações e memória recente prejudicada.
É possível, também, que o diagnóstico seja feito somente em idade adulta, “por falta de conhecimento ou porque as dificuldades eram atribuídas a outros problemas erroneamente”, explica.
A psicóloga destaca que existem também habilidades e dificuldades diferenciadas entre os disléxicos, o que dificulta a identificação do transtorno. “Alguns apresentam maior dificuldade de processamento das informações auditivas. Outros, das visuais”, acrescenta.
O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. São feitas avaliações de processamento auditivo, oftalmológico e neurológico. “Além destes exames, devem ser feitas avaliações psicológicas, fonoaudiológicas e também psicopedagógicas. Só depois de todas estas avaliações é possível identificar se é dislexia ou não a dificuldade apresentada pela criança ou pelo adulto”, destaca Maria Inez.
5 características que ajudam a identificar a dislexia
1) A criança, ainda pequena, apresenta atraso no desenvolvimento da fala e da coordenação motora ;
2) Na fase de alfabetização, a criança evita situações de leitura e escrita;
3) A criança desenvolve ansiedade em relação à escola;
4) Tem a memória recente prejudicada;
5) Apresenta baixa velocidade no processamento de informações.
Fonte: Marina Teles/O que eu tenho?/Uol
2 comentários:
Texto ótimo,muito obrigada,estarei ajudando meus colegas a conhecer melhor seus alunos.
otimo texto é de entendimento, claro e de linguagem simpreficada, amei.
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